terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Será que estamos sendo ensinados errado?



      Gente vamos ler para pensar sobre o assunto?

      Pessoal, surgiu uma polêmica, faz alguns meses, sobre um livro didático que estaria ensinando errado para nossas crianças. O livro, no capítulo "herege", fala sobre variação linguística. De acordo com o que estamos estudando e lendo a página do livro acima, vamos questionar?

Será que o livro está ensinando errado?

O que há de erro no livro?

Qual o contexto em que esse erro se insere?

Deixem suas opiniões...



O que é a adequação linguística?



     Um famoso gramático brasileiro afirmou que um dos objetivos do ensino de língua materna deve ser "tornar o aluno um poliglota em sua própria língua".


 Por que somos poliglotas de nossa própria língua?


 Você vai à praia de terno? Ou ainda ao seu trabalho de sunga?


 O que seria se adequar linguisticamente?


 Em nossas aulas, temos feito essas discussões. Isso porque todo idioma possui uma porção de possibilidades que, quando bem manuseadas, abrem muitas portas! Todo brasileiro sabe perfeitamente falar português, mas poucos sabem dispor dos muitos recursos disponíveis na fala e na escrita para benefício próprio no trabalho, na faculdade ou mesmo no dia-a-dia! Dominar bem os recursos da Língua Portuguesa é um diferencial!

     Assim como ninguém vai à praia de terno ou participa de uma reunião executiva de sunga, também é importante saber quando usar ou não um recurso da língua. Por exemplo: embora este nosso texto fosse perfeitamente compreendido si agente escreve-se td asim p vc aki :P, preferimos usar esse registro da língua apenas quando nos for conveniente, pois perderíamos sua confiança se não escrevêssemos de maneira clara e objetiva, sabendo respeitar a norma padrão no momento adequado.

     Desse modo, somos poliglotas em nossa própria língua sendo obrigados a nos adequar a cada tipo de situação em que nos encontramos. Se estamos com os nossos amigos, podemos incluir gírias no nosso diálogo; mas em uma entrevista de emprego é bom que o falante esteja falando de acordo com a norma culta. Assim, se adequar aos ambientes linguísticos é preciso.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

“É no momento em que o aluno começa a reconhecer sua variedade lingüística como uma variedade entre outras que ele ganha consciência de sua identidade linguística e se dispõe a observação das variedades que não domina”
(Sírio Possenti)


A professora hoje nos entregou a afirmativa acima e pediu que a gente pensasse sobre o que é reconhecer sua variante linguística e ter consciência de sua identidade.

E, aí? Já pensaram em alguma coisa?

Deixem seus comentário...

É galerinha, a língua MUDA...


         Você muda? O seu corte de cabelo é sempre o mesmo? As roupas que você usa são as mesma desde que você nasceu? 


       Muito provavelmente suas respostas foram negativas para as últimas e positiva à primeira, certo? Então, por que insistimos que a língua deve ser algo estático?


         A língua é um organismo vivo e, da mesma maneira que estamos em constantes mudanças, a língua também segue suas diferenciações ao longo do tempo. Assim, podemos citar o exemplo do "vossa mercê", que foi mudando até chegar ao que conhecemos hoje "você", "cê". 
       O fato da língua constantemente estar mudando só prova que ela, ao longo das gerações, vai se modificando e evoluindo do mesmo modo que os seres no mundo. Sendo assim, algo que hoje podemos considerar errado, amanhã pode não ser mais.

Causo mineiro...

“Há uma relação entre o prestígio social do falante e o grau de aceitação de suas variações lingüísticas” (Marcos Bagno)




CHOPIS CENTIS




Eu 'di' um beijo nela
E chamei pra passear
A gente 'fomos' no shopping,
Pra 'mó de' a gente lanchar

Comi uns bichos estranhos,
Com um tal de gergelim
Até que tava gostoso,
Mas eu prefiro aipim

Quanta gente,
Quanta alegria,
A minha felicidade
É um crediário
Nas Casas Bahia (2x)

Esse tal "Chópis Cêntis"
É muicho legalzinho,
Pra levar as namoradas
E dar uns rolêzinhos

Quando eu estou no trabalho,
Não vejo a hora de descer dos andaime
Pra pegar um cinema, ver o Schwarzenegger
"Tombém" o Van Daime.

Quanta gente,
Quanta alegria,
A minha felicidade
É um crediário
Nas Casas Bahia (2x)

                                                          (Compositores: Dinho e Júlio Rasec, gravada pelo grupo Mamonas Assassinas, 1995.)


     Nessa música, o grupo intencionalmente explora uma variante linguística. Para isso, cria uma personagem que teria determinadas características de fala.  Dessa maneira, no primeiro verso (linha) da canção, foi empregado “di”, em lugar de dei. Esse erro é muito comum entre crianças que estão aprendendo a falar, porque há outros verbos na língua com som parecido. 

     No terceiro verso, temos uma construção que está em desacordo com a norma padrão: "A gente 'fomos' no shopping. Ainda há outros casos como esse na canção. A partir disso, podemos começar a pensar sobre  a pessoa que fala nessa música, em sua opinião, qual deve ser: 

(a) o grau de escolaridade dela?
(b) a classe social a que ela pertence? 
(c) os filmes a que normalmente ela assiste? 
     Vocês conseguiram responder a essas perguntas?

“O preconceito linguístico é uma forma de preconceito a determinadas variedades linguísticas. Segundo os linguístas, a noção de correto imposta pelo ensino tradicional, origina um preconceito contra as variedades não-padrão.”




Os diferentes falares...



Assaltante Nordestino
Ei, bichim...
Isso é um assalto... Arriba os braços e num se bula nem se cague e nem faça
bagunça...Arrebola o dinheiro no mato e não faça pantim senão enfio o peixeira no teu bucho e boto teu pra fora!”
Perdão meu Padim Ciço, mas é que eu tô com uma fome de moléstia...

Assaltante Mineiro
Ô sô, prestenção... Isso é um assalto, uai...
Levanta os braços e fica quetin que esse trem na minha mão tá cheio de bala...
Mió passá logo os troado que eu num tô bão hoje.
 Vai andando, uai! Tá esperando o que uai!!

Assaltante Gaúcho
Ô guri, ficas atento... Báh, isso é um assalto.
Levantas os braços e te quieta, tchê.
Não tentes nada e cuidado que esse facão corta uma barbaridade, tchê.
Passa as pilas prá cá! E te manda a la cria, senão o quarenta e quatro fala.

Assaltante Carioca
Seguiiinnte, bicho ... Perdeu... Isso é um assalto...
Passa a grana e levanta os braço rapá... Não fica de bobeira que eu atiro bem pra caramba
Vai andando e se olhar pra trás vira presunto...

Assaltante Baiano
Ô meu rei... ( longa pausa)
Isso é um assalto... (longa pausa)
Levanta os braços, mas não se avexe não... (longa pausa)
Se num quiser nem precisa levantar, pra num ficar cansado... Vai passando a grana, bem
devagarinho...
(longa pausa)
Num repara se o berro está sem bala, mas é pra não ficar muito pesado... Não esquenta, meu irmãozinho, (longa pusa) Vou deixar teus documentos na encruzilhada...

Assaltante Paulista
Putz, meu... Isso é um assalto, meu... alevanta os braços, meu.
Passa a grana logo, meu...
Mais rápido, meu, que eu ainda preciso pegar a bilheteria aberta pra comprar o ingresso do jogo do Curintia, meu... Pô, se manda, meu...

Assaltante de Brasília
Querido povo brasileiro, estou aqui, no horário nobre da TV para dizer que no final do mês,
aumentaremos as seguintes tarifas: água, energia, esgoto, gás, passagem de ônibus, IPTU, IPVA, licenciamento de veículos, seguro obrigatório, gasolina, álcool, imposto de renda, IPI, ICMS, PIS, COFINS.

Blá blá blá

Em nosso Blog, conversaremos um pouco sobre língua, suas variações e seus conceitos. Gostaríamos que todos participassem dando sua opinião e nos ajudando....